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Capítulo 2
Mel chega à praia e corre até Clô gritando por ela:
Mãe!Mãe!
Clô – Filha!
Mel – O que está fazendo aqui mãe? É tarde!
Clô – Eu estava caminhando e resolvi admirar o mar, só isso, filha. Eu já estava voltando pra casa.
Mel – Mãe, a senhora estava caminhando rumo ao mar agitado. O que aconteceu? Explica isso direito!
Clô – Não foi nada, filha.
Mel – Mãe, a senhora poderia ter se afogado. Já pensou se uma onda vem e te arrasta?
Clô – Filha, eu estou bem. Fique tranquila.
Mel – Não posso ficar tranquila vendo em seus olhos que não está bem. Aconteceu alguma coisa lá na empresa hoje?
Clô – Filha, como é teimosa! Vamos pra casa. Está tudo bem.
Mel – Não, não está! A senhora me deixou preocupada, aflita! Primeiro, a senhora não atende o celular, aí eu saio feito uma louca atrás da senhora e a encontro aqui, na praia, uma hora dessas da noite e a senhora vem me dizer que está tudo bem! Pra cima de mim, mãe? Mas tudo bem, eu não vou insistir. Vamos pra casa. A senhora deve estar cansada, com fome. Eu vou cuidar da senhora. Depois eu vou acabar descobrindo oque aconteceu, e quem quer que seja que tenha maltratado a senhora, vai se entender seriamente comigo.
Dia seguinte...Cena:
Mel toma café da manhã com a mãe
Texto
Mel – Mãe, a senhora vai insistir em me esconder oque aconteceu ontem lá na empresa?
Clô – Não foi nada, filha, eu já disse. E eu já estou atrasada. Fica com Deus. Eu preciso ir.(Clô se levanta, beija a filha no rosto e em seguida sai deixando Mel pensativa, desconfiada)
Cena seguinte: Marins moda
Escritório de Ilda Marins
Ilda - Bia, aquele cargo de segurança já foi preenchido? Temos uma certa urgência nesta contratação, pois o quadro de seguranças aqui da Marins Moda está defasado. Alguns dos nossos funcionários inclusive estão se queixando, se sentindo inseguros, outros seguranças dizem que estão sendo sobrecarregados.
Bia – NÃO SE preocupe, Dona Ilda. Hoje mesmo eu tenho uma equipe de candidatos para avaliar. Marquei a entrevista para as 10 horas.
Ilda – Perfeito.
Bia – Como pode ver, eu tenho exercido muito bem meu trabalho, com dedicação, organização e seriedade, acima de tudo. A Marins moda tem ótimos funcionários, eficientes, bem treinados, graças a minha coordenação, a senhora não acha?
Ilda – Eu nunca tive dúvidas disso.
Bia – Então, Dona Ilda. Não querendo parecer prepotente, mas, não acha que é hora de me dar uma nova oportunidade? Quem sabe se eu chefiasse toda uma equipe, quem sabe se eu trabalhasse diretamente como sua assessora, algo assim?
Ilda – Eu já tenho uma pessoa ao meu ver que pode assumir muito bem essa função, e essa pessoa não é você, Bia.
Bia – Entendo. E eu posso saber quem é a funcionária ou o funcionário?
Ilda – Não, porque a pessoa não me parece disposta a aceitar o meu convite, então pra não dizer algo que ainda não está certo, eu prefiro não comentar. Agora pode ir.
Bia – Claro. Com licença. (Bia sai da sala seriamente)
Cena: No ônibus:
CLô passa na roleta com dificuldade, a condução está cheia e ela pede licença a todos para se locomover.
Uma passageira – ôh, minha filha! Vê se faz um regime! Tá tomando o espaço todo!
Uma criança – Também! Com um traseirão desses!
Outro menino – Não é só o traseiro, é o braço, a barriga, é muita banha. (os garotos começam a rir)
A mãe dos garotos – Pedro e Miguel! Parem com isso! Peçam desculpas a esta senhora!
Clô – Não, moça ,tudo bem. Eu já estou acostumada com esse tipo de comentário. Eu já vou descer. São crianças. Tá tudo bem.
A mãe dos meninos – A senhora me desculpe por eles .
Clô – Tudo bem, eu já disse. (o veículo para e Clô desce do ônibus seguindo para o trabalho)
Cena: Na Marins Moda
Texto
Clô – Dona Ilda, Desculpe o atraso.
Ilda – Atraso? Você só se atrasou 5 minutos, querida! E olha que isso nunca aconteceu! Quisera eu se todos os meus funcionários fossem assim.
Clo – Dona Ilda, eu tenho uma coisa pra lhe dizer.
Ilda – Sem dúvida pensou em minha proposta. É isso?
Clo – Não, não senhora, não exatamente.
Ilda – Então oque é? Diga.
Clo – Dona Ilda, eu to pedindo demissão. Eu não vou mais trabalhar aqui na Marins moda.
Ilda – Como disse? Bom..é uma pena! Eu admiro tanto o seu trabalho aqui dentro da empresa! É uma funcionária de anos! Mas eu não posso prendê-la a mim, até porque sem dúvida oque a levou a tomar essa decisão foi porque você arrumou um trabalho melhor, uma empresa mais interessante pra trabalhar. É isso? Pode dizer. Eu entendo. Faz parte da vida profissional.
Clo – Não, não senhora.
Ilda – Mas então eu não entendo. Se você não tem algo em vista, por que pensa em me deixar? Algum problema aqui dentro da empresa, Clõ? É isso?
Clo – não, imagine!
Ilda – Clo, minha querida, sente-se um pouco . Precisamos conversar. Vejo que alguma coisa não está bem e isso me preocupa. Eu sempre pensei que todos aqui dentro da Marins moda gostassem de você, assim com eu, mas pelo que vejo não é oque acontece. Estou certa?
Clo – Dona Ilda, eu não quero entrar em detalhes. O problema sou eu. Ninguém tem culpa.
Ilda – Culpa do que?
Clo – Não adianta a senhora me elogiar, me adorar, se o meu grande sonho está distante, entende? Eu sempre quis ter um corpo bonito, ir à praia sem sentir vergonha, me olhar no espelho sem culpa, mas por mais que eu me esforce, parece que é inútil, é em vão, entende? Este é o meu problema.
Ilda – Clo, minha querida, você não pode pensar assim. Eu entendo a sua frustração, mas esse é um problema que não atinge somente você, mas também a milhares de pessoas. Pense que você tem saúde, disposição pra trabalhar, com tudo isso, e muitos gostariam de estar aqui n seu lugar, mas não podem, estão em um hospital, ou então estão tristes pela perda de um enti-querido. Você tem uma filha que te adora, pessoas aqui na empresa que também não vivem sem você. Vai sair desse jeito e pôr tudo a perder por causa de um capricho, uma fantasia sua, uma frustação pessoal e não profissional? Será que vale a pena realmente isso? De que adianta fugir? O problema nos acompanha pra onde formos. Temos que encarar os piores momentos de frente, com a cabeça erguida.
Clo – Pra senhora é fácil dizer. Ninguém ri da senhora.
Ilda – Engano seu. Eu também já estive acima do peso, sei exatamente oque sente, mas eu nunca me deixei dominar pela frustração. Quando as pessoas me julgavam, me criticavam, aí que eu tinha mais força pra lutar, pra batalhar. Eu vou lhe trazer algumas fotos de quando era mais jovem. Meu apelido era fofinha, mas isso me soava muito mal, eu me sentia envergonhada, infeliz, exatamente como você.
Clo – Eu não sabia.
Ilda – Pois esqueça essa sua frustração, querida. Não vale a pena. Sei que não é fácil, mas será muito mais difícil pra você vencer esse problema fugindo de todos, se escondendo de uma sociedade inteira.
Clo – Tá certo. A senhora tem razão. Eu vou superar isso, pelo menos vou tentar.
Ilda – Assim que se fala. Volte para o trabalho e esqueça essa ideia de sair da empresa. Eu não iria conseguir manter a empresa sem uma funcionária tão dedicada e fiel como você.
No dia seguinte...
Cena: Na praia
Texto
Bia – Ah, nada como um fim de semana de sol, praia cheia!
Plínio – Tem razão, meu amor. Trabalhamos a semana inteira. Agente merece o nosso momento de lazer.
Bia – É, e o pior é que agente se mata, se mata.. e não tem o menor valor, não somos reconhecidos.
Plínio – Isso é muito comum. Faz parte.
Bia – É, mas eu não nasci pra ficar no mesmo lugar a vida inteira não. Eu vou longe.
Plínio – Bia, sabe oque eu acho? Está na hora de termos um filho. É, um filho une mais o casal, fortalece o relacionamento.
Bia – Plínio, eu aqui falando de trabalho, e você me falando de filho!
Plínio – Claro! Por que não?
Bia – Nem pensar. Eu não quero estragar o meu corpinho, além disso agente vive apertado sem filhos, imagine com filho pra criar! Não, primeiro meu desenvolvimento profissional, minhas conquistas, minha independência financeira. Salário melhor, emprego melhor, ....ou melhor...emprego não, eu quero é ser Dona da minha rede de lojas, trabalhar pra mim, isso é oque eu quero. Depois eu penso em filho.
Plínio – É uma pena você pensar assim. Muitos casais vivem com dificuldade, mas são felizes.
Bia –Eu não sei viver com dificuldade, meu amor. Lamento, mas sem filho por enquanto e não se fala mais nisto.
Plínio – Está bem. Eu vou mergulhar um pouco. Você não vem comigo?
Bia – Não, vou tomar mais um pouco de sol.
Plínio – você é quem sabe.(Plínio sai)
Em seguida Fausto chega em cena:
É, o dia hoje está mesmo lindo, ainda mais com uma princesa como você na praia!
Bia – Cai na real, cara. Essa é a cantada mais sem graça que já ouvi. E fica esperto, porque meu marido tá por aqui.
Fausto – Marido? É uma pena. Quem é o sortudo, hein?
Bia – O que você quer comigo afinal, hein? Que liberdade eu te dei?
Fausto – Você é muito bonita, sabia?
Bia – Beleza não enche o bolso de ninguém.
Fausto – Você que pensa. E se eu dissesse que você pode ganhar muito dinheiro, mudar de vida pra sempre, ser independente, frequentar os melhores ambientes da sociedade, ganhar muita grana, com a sua beleza?
Bia – Como assim?
Fausto – Você quer?
Bia- É tudo oque mais quero. Quem é você?
Fausto – Primeiro me fale de você. O que você faz?
Bia – Eu trabalho no departamento pessoal da Marins moda. Meu marido trabalha como motorista, mas nossa grana não dá pra nada, ainda é muito pouco pra mim. Eu quero coisa melhor.
Fausto – então não há oque pensar. Larga essa vida de trabalho. Você é linda, maravilhosa, merece coisa melhor. Eu posso te dar o mundo. Você pode ter dinheiro há qualquer hora, pode conhecer os melhores lugares, frequentar os melhores ambientes da sociedade e ter a vida que sempre sonhou. Só depende você.
Bia – Meu marido vem aí.
Fausto lhe dá um cartão – Eu espero seu telefonema. Agente se fala, gatinha.(Fausto sai em seguida)
Plínio entra em cena:
Não vai mergulhar, meu amor? A água está uma delícia.
Bia - Não, agora não.
Plínio – É impressão minha ou aquele cara estava falando com você?
Bia – Ele é turista. Não conhece nada aqui no Rio e veio me pedir uma informação, só isso.
Plínio – Você está cada vez mais linda, meu amor. Eu sou um homem de muita sorte. Não sei oque seria de mim sem você.
Cena: Na casa de Kele
Texto
Isa – Kele, esse seu quarto novo é realmente lindo, um encanto! Parece coisa de novela! É lindo! É perfeito!
Kele – Não sei porque o espanto, Isa Você me disse que sua casa é uma das mais caras do país, aliás, eu to doida pra conhecer, e você me disse que ia me levar algum dia lá, lembra?
Isa – Ah, é! É claro. Você vai conhecer . O meu quarto é enorme também, muito bem arejado, com uma vista linda pro mar. Eu adoro o meu quarto.
Kele – Deve ser lindo mesmo. Eu vou tomar banho. Já já eu volto pra te mostrar aquele vestido que eu ganhei da minha mãe. Eu não demoro. (Kele sai do quarto deixando Isa admirando o ambiente encantada)
Isa – Algum dia eu ainda vou ter uma casa dessa. (Isa caminha pelo quarto e abre o guarda-roupa de Kele observando suas roupas) Meu Deus! Que guarda-roupa lindo! É tudo que eu sempre sonhei! (Isa avista uma bolsa de Kele, abre a bolsa e encontra um envelope, rasgando o envelope em seguida.)Meu Deus! Um cartão e uma senha! Esse cartão deve valer uma fortuna. Tem gente que realmente nasceu pra brilhar.
Outro dia...
Cena: No shopping...
Isa caminha pelas lojas do shopping cheia de bolsas e encontra Kele
Kele – Isa! Oi, amiga! Como vai?
Isa – Bem. Que bom te ver!
Kele – Pelo jeito as compras foram boas, hein!
Isa – É, pois é. Eu tenho hábito de renovar meu guarda-roupa com frequência.
Kele – Agente podia aproveitar e ir até sua casa. Assim eu fico conhecendo sua família e você aproveita e me mostras as coisinhas que você comprou. O que você acha?
Isa –Lá em casa?
Kele – É, é só agente tomar um táxi logo ali.
Isa – Sabe oque é, Kele. Meus pais não estão em casa, então melhor agente marcar pra outro dia. Fim de semana, quem sabe?
Kele – Fechado.
Cena: Na casa de Kele
Texto
A empregada – Mandou me chamar, Dona Sofia?
Sofia – Sim. Minha filha sentiu falta de um cartão dela. Será que você arrumando o quarto dela ontem, não viu?
A empregada – Cartão? Não senhora. Se quiser, eu posso procurar.
Sofia – Muito estranho. Eu lamento, Dolores, mas se o cartão da minha filha não aparecer eu terei que reunir todos os empregados, e se ainda assim o cartão não aparecer, darei parte à polícia e terei que renovar o quadro de empregados.
A empregada – Mas, Dona Sofia, eu nunca roubei nada de ninguém!
Sofia – é oque todos dizem! Mas alguém roubou!
A empregada – A senhora quer dizer que eu posso ser demitida?
Sofia – Sim.
Cena: Na casa de Isa
Isa entra em cena com sacolas nas mãos.
Texto
Aíldes – Filha, você demorou da academia. Estava preocupada.
Isa – A senhora se preocupa demais pro meu gosto. Eu não estava na academia. Estava no shopping com algumas amigas. Tinha cada coisa linda, mamãe! (Isa abre os embrulhos um por um entusiasmada) Olha esse aqui! É um charme, não é? E olha esse! Tá super na moda! Esse conjunto então nem se fala! Esse outro eu não podia ignorar, além de lindo, estava na liquidação.
Aíldes – Espera, espera um pouco, filha! Eu estou até tonta de tanto embrulho na minha frente! Me diz, de onde você tirou dinheiro pra comprar tudo isso, Isa?
Cena: Marins moda
Bia passa por Clo nos corredores da empresa
Texto
Bia – Bom dia, balãozinho. (Bia repara a roupa de Clo) Até que hoje você está diferente dos outros dias!
Clô – Diferente? Mesmo? Você acha?
Bia – Acho. Você está ainda mais ridícula. (Bia dá gargalhada com ironia)
Clô – Você não gosta mesmo de mim, não é, Bia? Que mal que eu te fiz?
Bia – Você não faz mal nem a uma mosca. Aliás, eu não sei oque você ainda faz aqui na Marins moda.
Clô – a Dona Ilda gosta do meu trabalho, gosta de mim.
Bia – A dona Ilda é uma idiota, isso sim. O que ela tem de rica, tem de cega. Só ela pra ver algum tipo de benefício em ter uma profissional como você, vulgar, mal vestida, que envergonha e suja o nome da empresa com sua imagem brega, colocando o nome da Marins moda no lixo!
Mel entra em cena:
Então é você que tem maltratado a minha mãe, não é, sua cretina?!
Clo – Filha!
Mel – Deixa comigo, mãe. A sua amiguinha aí agora tem que se entender comigo.
Bia – Nossa! Que medo! Então você é a filha do balãozinho! Que bonitinho! Tão ridícula quanto a mãezinha!
Mel – Vou te mostrar quem é ridícula aqui!(Mel avança em cima de Bia puxando seu cabelo, dando pontapés, as duas rolam no chão, em uma cena de briga, chamando a atenção de todos)
Bia – Socorro! Seguranças! Tem uma louca aqui!
Mel – Isso! Chama segurança! Chama todo mundo mesmo porque se ninguém chegar, você sai morta daqui!
Clo – Filha! Filha! Páre com isso! Pelo amor de Deus!
Os seguranças correm até o local e seguram Mel pelo braço.
Mel – Me solta! Eu ainda não terminei de dar uma lição nessa vadia!
Bia – Você é uma louca! Infeliz! Tinha que ser filha dessa bruxa! É por isso a empresa está como está! Gente mal qualificada, gente de toda espécie trabalhando aqui!
Mel – Cale a boca, miserável!
Segurança – Calminha, mocinha. Calminha. É melhor você se acalmar ou a situação vai ficar pior pra você. Vamos nessa. Chega de escândalo por hoje. ( o segurança sai levando Mel pelo braço)
Mel – Isso não vai ficar assim!
Ilda entra em cena:
Mas oque é isto afinal? Alguém pode me dizer oque está havendo aqui?
(Bia e Clo se olham assustadas)
Continua no capítulo seguinte...